segunda-feira, 12 de abril de 2010

A precariedade tem muitas caras. Como nos organizamos?

No passado sábado, dia 10 de Abril, realizou-se no CES-Lisboa em Picoas Plaza, um importante debate sobre a multiplicidade de caras que a precariedade tem na sociedade actual. Foi um debate que permitiu verificar a capacidade de mutação da precariedade, ajustando-se aos tempos e aos diferentes sectores da sociedade, tratando-se dum verdadeiro camaleão, que se adapta e instala conforme os cenários e condições, tendo servido para nos alertar para a nossa organização de forma a combate-la eficazmente. Este debate sublinhou, também, a urgência de um contra-ataque que precisa da solidariedade de todos os trabalhadores e trabalhadoras, porque a precariedade é um plano global, embora não sejamos todos afectados com a mesma intensidade.

O debate, com muitas caras, foi dividido em três partes:


A 1ª parte, Ilegal é a Exploração!, foi sobre a problemática da imigração e do racismo que lhe está associado. Estiveram presentes elementos da Solidariedade Imigrante e do SOS Racismo, que alertaram para as dificuldades que os imigrantes têm quando chegam ao nosso país, nomeadamente no processo de legalização, o qual é dificultado burocraticamente e pelas multas com valores proibitivos. Interessante foi verificar que este processo de legalização ou ilegalização, favorece muita gente economicamente, ou seja, há muita gente a ganhar dinheiro pela presença de imigrantes ilegais.

A 2ª parte, Precários/as saem do armário!, foi sobre a problemática dos trabalhadores/as sexuais e dos preconceitos que lhes estão associados. Estiveram presentes elementos de várias organizações: UMAR, Panteras Rosas e Projecto “IR”. Neste debate foi desmistificada a diferença entre quem está na Prostituição por gosto pessoal e quem está por falta de alternativas. Foi um espaço de muitas afirmações, homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, que se reconhecem a si mesmos como precários e dão os primeiros passos para a sua auto-organização,  pretendendo condições de trabalho dignas, no fim de contas, em todos os trabalhos se em de “alugar o corpo”.

A 3ª parte, O Precariado contra-ataca!, foi sobre a importância de haver grupos de Precários que se organizam conjuntamente para o combate contra a precariedade. Estiveram presentes elementos das AEC , Intermitentes do Espectáculo e Audiovisual e dos Precários Inflexíveis. Discutiu-se o medo da perda do emprego e das restantes represálias e a urgência de lhe fazer frente pela auto-organização de precários. Foram discutidas as actuais formas de precariedade que afectam os diversos sectores da sociedade e as suas transformações.

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